Conheça o homem que construiu uma réplica da Maria Fumaça

    Quem transita pela Avenida 18 de Fevereiro, no município de Piratuba (SC), enche os olhos ao contemplar uma réplica praticamente fiél à locomotiva à vapor (235) que move o comboio de vagões no tradicional passeio até Marcelino Ramos. Uma réplica que impressiona pela riqueza de detalhes e que é uma das principais peças no monumento que foi construído em homenagem aos ex-ferroviários e seus familiares.

 Mas o que pouca gente sabe, é que esta obra de arte se tornou realidade graças ao empenho e dedicação de um servidor público que ocupa a função de motorista na prefeitura do município catarinense. Aos 37 anos, Dirceu Luiz Marcon, já conhecido na comunidade local por sua habilidade com entalhes e esculturas de madeira, se transformou num artista de mãos de ferro. Superando obstáculos e principalmente dúvidas de alguns pessimistas, ele conseguiu tirar do papel o projeto em cinco meses de trabalho. Contando com a ajuda de um soldador, e trabalhando praticamente sozinho na maior parte do tempo, num barracão que fica nos fundos de sua casa, ele foi montando em várias etapas a locomotiva.

 A miniatura, se assim pode ser considerada, pesa meia tonelada e tem em sua composição ferro fundido. Com  o “tender” (parte anexada) ela mede quase 6 metros o que representa três vezes menor que o tamanho da original.  De parafuso em parafuso, de placa em placa e com muita paciência e suor, Dirceu Marcon foi edificando seu sonho que foi concretizado no dia 08 de dezembro de 2012, quando a máquina foi posicionada ao lado da avenida, junto com o monumento.   Foram gastos quase R$ 9 mil e muitas horas de serviço.

 Questionado pelo Portal de Marcelino sobre qual teria sido a etapa mais difícil nesta escalada de arte, o artista respondeu: “ Penso que por gostar muito de desafios não considerei nada complicado e me empenhei muito em fazer cada detalhe, a chaminé, por exemplo, é feita de chapa de cobre assim como na máquina original e só para ela foram necessários quatro dias para sua moldagem feita com martelo de  madeira” explicou ele.

    Foi o primeiro trabalho desenvolvido em ferro pelo servidor público e pode ser o único no Brasil executado de tal forma. A obra que é realidade tem um significado muito importante para toda região, pois serve para demonstrar ao restante do país a importância de uma ferrovia para uma comunidade que se desenvolveu com a fumaça dos trens compondo a rica paisagem do Vale do Rio do Peixe. O artista piratubense, mais um apaixonado pela ferrovia, que deu vida a réplica da 235, respira a história e desta forma mantém vivo um importante capítulo do desenvolvimento regional. Um capítulo desconhecido das gerações contemporâneas que estão crescendo num mundo cercado por tecnologias, onde os governos preferem investir em trens balas, atropelando o passado como se ele nunca tivesse existido. Prova disso, é o descaso com nosso patrimônio ferroviário.

Confira as fotos nas várias etapas: