Em nome do progresso e diante da necessidade energética do país, o município de Marcelino Ramos perdeu em 2000 um dos seus principais e promissores pontos turísticos. O Estreito Augusto César foi engolido pelo mundo capitalista num projeto onde a natureza acabou sendo sacrificada para a construção da Usina Hidrelétrica de Itá. Distante cerca de 80 quilômetros da barragem no rio Uruguai, o estreio atraia turistas de todo Brasil. Majestoso, temido e até misterioso em razão de algumas lendas, o local tinha uma formação rochosa que se estendia por cerca de 8 quilômetros. O trecho era formado por muitas cavernas e por águas violentas que se espremiam para passar pelo leito. Pequenas cachoeiras foram lapidadas pelo atrito da água nas encostas rochosas no decorrer de milhares de anos. Na época de estiagem, o leito deixava à mostra uma ponte de pedra que unia Santa Catarina ao Rio Grande do Sul, denominado de “Passo da Formiga”. Tudo isso ficou debaixo das águas e na memória de um povo vítima de um mundo capitalista.
No final de 1999, na época repórter de TV da Band Santa Catarina, tive o privilégio de produzir, em companhia do cinegrafista Humberto de Souza, uma reportagem especial sobre o Estreito Augusto César. Durante dois dias coletamos inúmeras imagens que foram geradas para a sede da emissora em São Paulo. As imagens abaixo, não editadas, são da época em que estivemos no local e servem como lembranças de um dos nossos principais pontos turísticos que hoje encontra-se submerso.
Assista o vídeo
Foto: Daubi (Panoramio)
Fantástico. Parabéns Marcelo.
Tive a oportunidade de ir ao Estreito por várias vezes, inclusive de bicicleta.
Saíamos em alguns sábados pela manhã, não sei como meus pais deixavam.
Bons tempos.
Imagens impressionantes e ineditas que ficarão para sempre na nossa memoria.
Belas imagens pena que ta tudo debaixo da água .
Quase chorei ao ver estas imagens do estreito ! na minha infancia ,pesquei bem pertinho dele ! so resta saudades ,pois o progresso ,as vezes nos traz tristezas incorrigiveis !!!! PARABENS MARCELO !
O lugar era mágico! Me considero uma pessoa previlegiada, pois tive a oportunidade de conhecer este paraíso.
é amigo, quando eu morava la em marcelino ramos, seguido sabia de pessoas que choravam…mas era de perda de familiares que iam la perto e caiam no buraco e morriam afogado, pelo menos agora isso não acontece mais.
Jamais esquecerei este lugar,onde nasci,passei boa parte de minha infância.Pulei muitas vezes no passo da formiga,acompanhava meu pai nas pescarias e ele pescava cada peixe lindo como o dourado.
E Augusto Cezar foi meu tataravô,que desbravou este lugar o qual lhe fizeram uma homenagem dando o nome de Estreito de Augusto Cezar!!!
Hoje matei um pouquinho da saudade que sinto desse lugar, do barulho das águas nas pedras que era quase impossível conversar, o nosso rio tão belo, que se transformou num lago.. belo lago.. mas eu gostava das corredeiras do nosso Uruguai.. que pena que não existe mais.. valeu pelo vídeo!
MUITO LINDO,NASCEI NAS MARGENS DESSE RIO NO ESTADO DE SANTA CATARINA NA LINHA VOLTA DO ESTREITO HOJE MUNICIPIO DE ALTO BELA VISTA,INFELIZMENTE TUDO ISSO ACABOU,MAS A SAUDADES DAS PESCARIAS NESSE LUGAR JAMAIS VAI SAIR DA MEMORIA.
Vc é filho do Sr. Albino ?
BELO LUGAR ONDE MOREI. BOA GENTE.
Belas imagens, vivas na memória de quem, como nós, conheceu o local como a natureza o criou. Quantos piqueniques feitos no local e quantas cavernas exploradas para chegar mais próximo das quedas d’água.
LUGAR MARAVILHOSO !
REALMENTE ESTAS ROCHAS IMPRESIONAVAM, POIS ERA MUITO BONITO, QUE BOM QUE CONHECI, FUI MUITAS E MUITAS VEZES NESTE LUGAR. ISSO É A NATUREZA COM SUA BELEZA
SAUDADES…
feliz daquele que teve a oportunidade de conhecer este lugar, frequentei várias vezes na minha infância, e pra variar , tudo que é bonito e bom desaparece, restando-nos a lembrança.
Não tive oportunidade de conhecer este lugar fantástico. Acho que esta cidade merecia não só o pagamento normal dos royalties, mas também uma indenização vultuosa por tamanha perda! Alguém afirmou que agora seria melhor porque não há mais acidentes no local, nada a ver total, porque o que deveria haver naquela época era um parque com plano de manejo na área e assim haveria regras de conduta, alguma infra-estrutura. A meu inclusive por não haver nada disso, foi mais fácil cometer este crime ambiental e social de extermínio desta formação geológica espetacular do Estreito de Marcelino Ramos. Tomara que agora as pessoas protejam mais as áreas de floresta que restam e que são riquíssimas e saibam explorar o ecoturismo sustentável, porque o potencial é grande nesta região, todavia quando não é devidamente aproveitado, surgem outras atividades que degradam as áreas e tudo acaba sendo perdido. Vocês tem uma linda paisagem, uma natureza exuberante, aproveitem tais recursos para fins de turismo sustentável!
Foi Graças ao mundo Capitalista que as cidades ao redor do lago da Usina tiveram um bom desenvolvimento, principalmente Itá e Aratiba, Marcelino propriamente citada no texto também esta sendo beneficiada com o turismo…estaria fora de qualquer cogitação frear o desenvolvimento da região e principalmente a geração de energia por causa de um Rio, ou ponto turístico como queiram chamar…claro que era um lugar muito legal, minha mãe tem varias fotos aqui em casa….mas é a vida, 7 quedas do iguaçu por exemplo no Parana foi tomada pelas Águas da Itaipu e assim a vida segue…
Lamentável que pense assim Mateus “por causa de um rio”, provavelmente não saiba da diversidade que abrigava! E talvez também não saiba que precisamos desta diversidade ecologicamente equilibrada para continuarmos vivos!
Mateus lamentável que pense assim: “por causa de um rio”, talvez não tenha conhecimento da enorme diversidade que apenas este rio abrigava! Também não saiba da necessidade que temos que está biodiversidade esteja ecologicamente equilibrada para que continuamos a viver! E se continuar assim A VIDA NÃO SEGUE!!
o Rio virou lago, muito bonito por sinal, que gera renda para os municipios que estavam muito mal das pernas, Itá se transformou, Aratiba arrecada muito dinheiro, este por sua vez ajudando a população…e gera Energia (pouco importante né).
Abraço
Havia outras maneiras de contornar o estreito. Ao invés de uma, duas barragens, de maneira a permitir que parte do rio seguisse seu rumo natural, deixando sua beleza intacta. Sem custo adicional algum, Aliás, talvez não tivesse o grupo gerenciador da usina logrado tantos. Há quem nunca pensou nisso!
Imagine o transtorno que seria ao invés de fazer uma barragem, fazer 2…
Não é tão simples assim. A construção de uma hidrelética exige água, relevo apropriado e condição geológica favorável. Isso significa que precisa ter moro e também pedras pra construção. O grande custo está na movimentação e no aproveiameno de material. Dividir em duas certamente não seria viável pois deixaria dois lagos muito pequeno para acumulação de água e um custo de construção que inviabilizaria os projetos.
É ótimo que existam pessoas com essa consciência. Porém a diversidade não existe somente no rio. O lago também abriga uma grande diversidade e o que a tem diminuído é a predação do homem com pesca predatória (até com detonação), jogando resíduos no rio, derrubando florestas, fazendo queimadas, etc.
Como compensação da Usina Hidrelétrica Itá serão construídos 2 parques, sendo um deles na cidade de Marcelino Ramos. O Parque Teixeira Soares preservará uma parte da mata do rio Uruguai, que tem uma grande diversidade, com um aparelhamento belíssimo que vai propiciar um acréscimo no turismo, que é a vocação do município.
Será também uma ótima oportunidade para os jovens e para a permanência no campo.
fui muito ali
era mto lindo tudo isso
pena que acabou
ou melhor
acabaram cm essa maravilha
Tive a oportunidade de conhecer essa maravilha da natureza pena que o homem estraga tudo!
Nasci neste lugar lindo íamos sempre andar nestas pedras meu pai pescava ali.Uma pena que não fizemos nada para salvar esta maravilha.Onde a civilização chega isto acontece infelizmente.
Morava em GAURAMA RS e Tive o privelegio de conhecer este lindo lugar
Também morei em Gaurama Paulo e, entre 1967/1968 visitei muito o estreito, inclusive saltei algumas vezes. Muito lindo o lugar.
Muito interessante a matéria, porém não tem como deixar de comentar as criticas relacionadas ao assunto usina hidrelétrica. Apoiando de certa forma o Sr. Mateus Berticelli, que tem um ponto de vista interessante, porém acabou expressando tal ponto com palavras não apropriadas. A questão do lugar ser um lindo patrimônio natural que se perdeu é fato, porém não podemos ser hipócritas de criticar sem conhecer toda a história que envolveu esse processo de implantação da hidrelétrica, e o pior estão criticando a base do desenvolvimento na atualidade, estão criticando algo que foi transformado para atender as nossas necessidades, então eu deixo o desafio para essas pessoas… você conseguiria viver sem energia elétrica? sem novela, sem Facebook, sem banho quente no inverno? então os ofendidos com meu ponto de vista irão me perguntar se eu viveria sem água? se eu viveria sem a natureza? então já lhes respondo que não foi contaminado a água, que á natureza não foi poluída, pela contrário pelas análises de qualidade de água essa melhorou e muito, e graças a essas hidrelétricas é que existe á maioria dos programas de preservação ambiental auxiliando nesse intenso processo de preservação não só ambiental mas social, e pra encerrar o assunto deixo uma dica aos criticantes pesquise sobre usinas hidrelétricas e outras fontes de energia, e o principal antes de falar sobre algo conheça o assunto.
espero ter ajudado.
atenciosamente.
“alguém que pesquisou”.
A palavra inapropriada seria ter chamado o Rio de um Rio?
claro q era um belo lugar, onde muitas pessoas visitavam e tal, e muitas moravam por ai também …. mas é como voce comentou e eu comentei também…é preciso, energia é muito necessário para todos, sem contar como falei em outros comentários que a região se desenvolveu muito depois da Usina…..como estaria nossa região se não tivesse a Usina?
Abraço
se fose energia eolicas seria muito melhor pois não afetaria milhares de metro quadrados ivadidos pela represa das aguas, e teriamos preservado o sistema que a natureza criou, teriamos mantido os pontos turisticos. e muito mais …
ainda na criação de usinas eolicas pode se uzar quase todo o local onde de instalam as tores tendo energia da melhor forma.
Exitem outras maneiras de se fazer energia não somente com hidrelétricas.
Realmente você tem razão. Tem outras formas de produzir energia, porém nenhuma com essa capacidade. Pra você ter ideia uma torre eólica tem capacidade de 1 MW (a UHE Itá tem 1.450 MW) e produz menos da metade de energia que uma hidrelétrica (fator de capacidade). Isso significa que teríamos que instalar cerca de 3.000 torres para produzir a mesma energia. Considerando que tem uma largura de 66 metros (isso mesmo, cerca de 3 casas) podes calcular a área que ocuparia. Além disso também tem seus impactos como ruído, interferência em rotas de pássaros. nos ventos, etc.
Não significa que não é válido. São energias complementares, assim como solar, biomassa, das ondas, etc., inclusive suprindo quando falta água.
A questão é como são implantados. Como são tratados os atingidos, como são compensadas as perdas, como o empreendimento pode se inserir na comunidade, desenvolver projetos e gerar desenvolvimento.
É fundamental que as pessoas se informem.
saudades daquele lugar, daquele barulho, dos dourados presos nas poucas depois da cheia e tambem daquela gente!!!
Mais do que “alguém que pesquisou”, eu vivi aquela época e por mais de 7 anos participei ativamente das negociações envolvendo não só atingidos de Marcelino Ramos, mas de toda a região, orientando e assessorando, fosse como membro do Conselho dos Atingidos (não confundir com a MAB), fosse como fundador e presidente da ASCOBAL.
O sistema é todo interligado, então a energia produzida aqui, é distribuída para o Brasil todo.
Mas antes que me questionem, já vou esclarecendo que nunca me posicionei contra as barragens, mas a forma como estavam sendo projetadas e conduzidas as negociações.
Ao invés de levantar um paredão de 128ms por exemplo, poderia se fazer várias menores com potencial semelhante e impacto ambiental e social muito menores. Já pelo lado das indenizações, era evidente o massacre imposto pelo poder econômico.
Década dos anos 90, o Brasil passava por grave crise financeira e política (não muito diferente de hoje). Saíamos do impeachment de Collor, passando por Sarney e FHC. Período turbulento. Estava estagnado, precisava de energia e não tinha recursos, então FHC privatizou as ferrovias e a geração de energia.
Dividiu a Eletrosul e criou a Gerasul que foi vendida para a Tractebel por 1/10 do valor. Veio no pacote 6 concessões de implantação de barragens inclusive a de Itá que mesmo estando na fase inicial, os investimentos até então aplicados pelo governo, já cobriam o valor da compra.
Iniciou-se a fase indenizatória. A política da empresa era “se conseguir tirar de graça, tira, depois tem o jurídico para resolver a questão”
Relatos de injustiça não faltam, mas chegamos ao ponto. O Estreito Augusto Cezar.
Muitos foram os alertas e pedidos para que as autoridades (na época) se “antenassem” porque iriamos perder o Estreito e sem nenhuma compensação, bem, não querendo entrar em cunho politico, tudo que conseguimos foi uma maquete (em exposição na Casa da Cultura). Perdemos além da beleza natural ímpar, um potencial turístico de grande expressão.
Morei por diversos anos nesta linda cidade, e visitei o estreito várias vezes, uma pena o município ter perdido esse ponto turístico ímpar. Ficam as lembranças, juntamente com as fotos tiradas.
Morei próximo ao Estreito na infância e tenho muitas memórias lindas e outras nem tanto. Sou artista e tenho explorado essas memórias no meu trabalho de uma forma poética. Comecei uma pesquisa de Pintura com água e conforme fui aprofundando surgiram no processo as memórias de infância, foi intuitivo, e comecei a explorar mais. Foi muito intensa minha relação com o Rio, de várias maneiras. No trabalho não tento discutir as questões ambientais, na expressão poética e artística busco uma forma de expressar e refletir sentimentos, sonhos e narrativas acerca da minha percepção de criança em relação a paisagem do Rio e as lembranças que tenho dos lugares, das enchentes, das secas, das brincadeiras, das mortes, desse lugar da minha memória que é submerso hoje, dessa identidade, de alagamentos, de muita água turva em meus sonhos até hoje. Fiquei emocionada com os depoimentos que li aqui, e um dia gostaria de mostrar os trabalhos e poder conversar sobre as memórias que cada um guarda sobre o Rio.
onde eu encontro as lendas e mistérios do estreito, alguém saberia me dizer? obrigado.
Tive o prazer de numa grande estiagem na década de 80, ter conhecido essa maravilha que não mais existe. A emoção mesclada com o medo e a curiosidade, me deu um notório saber de como a natureza molda a sua trajetória de acordo com o meio. Bem próximo do caudal maior, tudo parecia tremer. Foi uma experiência inesquecível.