De sapato em sapato ele foi costurando uma história de perseverança e firmando seus ideais da mesma forma que uma tachinha é usada para prender uma sola. Há mais de 6 décadas Alcides Bocca, 82 anos, calça com destreza a população de Marcelino Ramos e região. O artesão do couro de mãos sábias, um dos primeiros comerciantes do município, escolheu a profissão de sapateiro aos 18 anos quando em Viadutos apreendeu com parentes as técnicas para produção e consertos de sapatos e botas. Uma época, considerada os “anos dourados para o Brasil” onde a profissão era promissora, pois não existiam indústrias de calçados. Sapatos e botas, que hoje encontramos em abundância nas vitrines de lojas, eram feitos de forma artesanal e sob encomenda sem muitas opções de cores e modelos.
Neste sábado (22) Alcides Bocca abriu o fecho da sua história ao Portal de Marcelino para revelar detalhes da sua trajetória no mundo da sapataria. O sapateiro, figura que está a um passo de ser extinta na sociedade, é uma das profissões mais antigas e que muitos jovens da chamada geração “Y” não conhecem já que nasceram num berço industrializado. O ofício de sapateiro surgiu no momento em que o homem percebeu a necessidade de proteger seus pés e sobreviveu através dos séculos, transmitido de geração à geração. Costurando as inúmeras dificuldades e seguindo uma linha de perseverança desde 1953, Alcides Bocca está completando neste mês de junho 60 anos de atividade no município de Marcelino Ramos. Colocando as mãos, onde os outros colocam os pés, ele abriu seu primeiro ponto comercial na rua Meiréles Leite na década de 50 no governo de Getúlio Vargas. O início foi difícil em razão da concorrência. “Quando eu comecei tinha mais 8 sapateiros em Marcelino”. Fazendo renascer algo que para os clientes pareciam estar muito velho ou acabado, Alcides Bocca foi conquistando mercado, e logo se tornando referência na produção de sapatos e botas. Ele recorda a época de ouro da sapataria. “Teve uma época, no mês de junho, que em menos de 48h vendi 24 pares de botas para agricultores”.
A equipe do Portal de Marcelino conheceu a primeira máquina de costura usada para a confecção de calçados e que ainda está em perfeito estado de funcionamento. Questionando sobre a idade da máquina, ele respondeu: “eu acho que deve ter mais de 200 anos, quando eu comprei em 1952 já era velha e paguei 2 contos de réis”. Todo material para conserto e produção dos calçados era comprado em Erechim. Foram cerca de 40 anos produzindo botas e sapatos. A crise no setor, que o obrigou partir para a revenda de calçados, iniciou em meados dos anos 90, quando aos poucos ele foi suspendo o processo de produção. “Não tinha mais como concorrer com as indústrias, aí eu parti para revenda e consertos” relembra Bocca. Ao contrário dos demais concorrentes que desistiram da atividade, ele continuou pedalando sua SIMGER firme em seus propósitos, mas acompanhando a evolução do comércio.
Conceituado pelos clientes, atualmente ele mantém seu estabelecimento na rua principal da cidade, sendo ainda muito procurado por moradores locais e de outras cidades. “Vem gente aqui de tudo que é lugar. Esses dias recebi uma pessoa que trouxe um sacola de calçados de Porto Alegre pra conserto.”
Algumas profissões resistem ao tempo graças a pessoas como Alcides Bocca. São verdadeiros artesões que com habilidade nas mãos se preocupam com nossos pés.
VÍDEO
Parabéns Marcelo, cada dia uma novidade e histórias surpreendentes, admiro muito o seu trabalho. O Portal está cada dia melhor!
Paloma, um dos objetivos do Portal é resgatar nossos personagens e histórias. Seu comentário serve de estímulo e incentivo. Muito obrigado.
Brilhante reportagem.
Adoramos a matéria. Meus tios do Paraná que são parentes do seu Bocca se emocionaram ao ver seu Alcides no vídeo! Parabéns Marcelo…
Obrigada….Agradeco com muito carinho,pois,tanta gente viu inclusive irmaos dele de Videira que tem amesma profissao.Foi um trabalho Lindo.Eu como filha tenho o maio orgulho do meu Pai Querido,que mesmo com 82 anos ama seu trabalho.O Marcelo. Tem mostrado Marcelino Ramos aTanta gente isso e genial.E muito bom. A cidade Ser conhecida e muitos reconhecidos.Parabens Marcelo, mais uma vez um trabalho muito Lindo.Vamos divulgar sempre.Abracos.
Seu Boca concertou muitos calçados meus e da da minha familia, fico contente pelas boas recordações de Marcelino Ramos.
Parabéns pela matéria.
Linda profissão. Temos que reconhecer e valorizar estes grandes profissionais que fizeram história.
Peço que se alguém souber indicar procuro uma máquina antiga de costura de sapatos chamada PATENTE ELÁSTICA. Abraço.
Olá, temos varias maquinas patente elástica, se ainda houver interesse favor contatar email aldomaquinas@hotmail.com
Olá, temos varias maquinas patente elástica, se ainda houver interesse favor contatar email- aldomaquinas@hotmail.com
Fico muito Feliz ver essa matéria, resgatando pessoas que ajudaram á fazer a historia de Marcelino Ramos.Até o ano de 1971 eu residi em São Caetano, [tinha 18 anos] SEU Bocca como nós chamavamos , fes sapatos p/ mim e toda á familia, perdi a conta de quantas meias solas ele fez em meus sapatos e da minha familha.Parabéns á reportagem , parabéns a´SEU BOCCA Abraços á todos.
Achei interessante.
Hoje tive essa oportunidade de conhecer alguém que fez história como sapateiro. Sou sapateiro também, já estou na profissão à mais de 30 anos. Minha sapataria fica em Rio Claro S. P. Trabalho com meu filho e mais um ajudante. Conheci este portal por acaso estava procurando maquina de costura inclusite tenho uma singer igual a do Sr.Bocca e ainda tenho mais 3 patente elastica.Fiquei Feliz em conhecer este potal quando puder de um alô .Abraços.
Só quem está na mesma profissão sabe como é gratificante vê o seu cliente alegre com o seu trabalho, sou sapateira há 10 anos fiquei 5 anos consertando Calçados e 5 anos parei pra cuidar dos meus filhos, hj retornei à essa profissão que amo nem sei como conseguir ficar tantos anos longe do que amo fazer e me dá prazer, mais parabéns à todos nós sapateiros (as) hj somos poucos mais felizes com o nosso trabalho…