Marcelino Ramos pode ser considerado um município abençoado pela mãe natureza. Distante das grandes e poluidoras metrópoles, onde predomina a “selva de pedras”, a Terra das Águas Termais tem lugares encantadores e surpreendentes até mesmo para os moradores locais.
Neste mês de fevereiro o Portal de Marcelino, em parceria com a Mov Imagens Aéreas, decolou para mostrar um Santuário Ecológico de Aves. Um local paradisíaco e que poucas pessoas conhecem em razão de ser uma área de difícil acesso, praticamente intocável pelo ser humano. Pela primeira vez uma equipe de reportagem acessou o local registrando imagens exclusivas pela água, pelo solo e pelo ar.
O Santuário de Aves está localizado numa ilha no lago do rio Uruguai (Usina de Itá) na comunidade de Volta Grande, no interior de Marcelino Ramos. Da sede do município até o local são 22km de estrada de chão e mais 4km pelo lago. O cinegrafista André Medeiros, que por muitos anos trabalhou na RBS, e o jornalista Marcelo Santos, editor do Portal de Marcelino, estudaram por mais de 30 dias as condições climáticas e toda logística necessária para coletar as imagens. Na terça-feira, dia 08 de fevereiro, as condições foram favoráveis e a equipe partiu da cidade por volta das 18h, já que a maior concentração de aves na Ilha se dá entre o final da tarde e início da manhã.
Deslocamento até a Ilha
Em Volta Grande nossa equipe contou com apoio da família Abel que colocou um barco à disposição para o deslocamento pelo lago até a Ilha. Nos primeiros quilômetros pela água nos deparamos com a tranquilidade do lago represado e com montanhas que formam um grande canyon. A mata densa na encosta de SC mostra que a região está muito bem preservada. Ao se aproximar do nosso destino as águas serenas do lago deram lugar para as corredeiras que eram características do antigo rio Uruguai, que foi engolido pela barragem. Contando com a experiência do barqueiro Élvio Abel, que conhece como a palma da mão o rio, avançamos estrategicamente e lentamente desviando de pedras e troncos de árvores que ficaram submersos. No trajeto profundidades entre 20 metros e 15 centímetros de lâminas de água, oscilações de níveis que tornam a área perigosa para aventureiros. “Quem não conhece aqui não entra e só com barco de alumínio, leve” comentou Elvio.
Chegando na Ilha
Depois de 10 minutos navegando, por volta das 19h, finalmente avistamos as ilhas. A primeira, de maior porte, estava deserta. Logo à frente a segunda ilha com uma extensão aproximada de 300 metros e localizada no meio do rio. De longe centenas de pontinhos brancos em galhos de árvores que mais pareciam algodão e que já nos impressionaram pela quantidade. “Isso não é nada, precisamos esperar mais próximo da noite, pois vai aumentar em 10 vezes este número de aves” comentou o morador na tentativa de conter nossa ansiedade pelas imagens. Como o sol ainda atingia em cheio a ilha, atracamos o barco em uma pedra no meio do lago, numa sombra, e aguardamos a hora do espetáculo. Durante o dia só ficam na ilha os filhotes, que por sinal eram centenas,a maioria acomodados em seus ninhos.
A chegada das garças
As garças, de vários tamanhos e espécies, que saem para se alimentar durante o dia, começaram chegar em grupos gigantescos próximo das 20h. A impressão que se tinha é que a área estava sendo “bombardeada”, pois as aves vinham de todos os lados e em grande quantidade. Mergulhavam de altitudes expressivas com aterrissagens perfeitas nos galhos e principalmente em copas das árvores numa área de cerca de 200 metros. Assim que os grupos chegavam aumentava consideravelmente o grunhido dos filhotes que passaram o dia esperando o retorno dos pais. Em questão de meia hora toda vegetação da ilha estava tomada por milhares de garças. A paisagem mudou de forma surpreendente com o verde das árvores dando lugar para o branco. Conforme a noite se aproximava, mais e mais garças chegavam ao local para pernoitar.
Moradores locais relataram ao Portal de Marcelino que as garças tomaram conta desta ilha há cerca de 3 anos e que estão se multiplicando com muita facilidade ano após ano.
Segundo os moradores, as aves chegam no final da tarde e saem nas primeiras horas da manhã em busca de alimentos para os filhotes. O que chama atenção é que existem outras ilhas próximas, mas elas ficam apenas em uma, talvez pela proximidade com as corredeiras. Através das imagens localizamos várias espécies dos mais diversos portes. Respeitando uma distância para não interferir na rotina, nossos Drones e lentes capturam imagens que mostram este verdadeiro Santuário. Deixamos a ilha no início da noite e no trajeto de volta encontramos mais algumas centenas de aves voando para o local. As garças, segundo os moradores locais, chegam em outubro e permanecem na ilha até o final de março. Depois alçam voo para rumo ignorado.
Que espetáculo! Parabéns pela reportagem, Marcelo. Que belas imagens! Até o rio, com curso de rio, suas pedras e corredeiras, e não de lago. Show!
Neri Biavatti
Radialista
Panambi – RS
Parabéns pela reportagem, Santuário Ecológico de Garças em Marcelino Ramos.
Deus abençoou Marcelino Ramos com muitas maravilhas naturais e pessoas competentes como você que fazem reportagens belas e informativas como esta.