Descaso: Obra do Governo do Estado está abandonada em Marcelino Ramos

Os casos de má gestão na aplicação de recursos públicos são comuns em todo Brasil em obras das mais diversas naturezas e causam revolta e indignação, pois o dinheiro tem como origem o bolso do contribuinte através dos impostos. Ou seja, isso geralmente acontece porque o dinheiro é administrado por terceiros (governos). Quando falamos de obras privadas elas acontecem de forma ágil, com qualidade e as empreiteiras sempre são cobradas de modo a executar o projeto para atender a exigência de quem as contrata.

Esta semana a equipe de reportagem do Portal de Marcelino se deparou com um descaso público que mereceria no mínimo uma intervenção imediata do Ministério Público a fim de apurar responsabilidades. A obra de reforma do prédio do antigo Colégio Estadual Júlio de Castilhos, que é usado para inúmeras atividades do IEEMAR, foi abandonada há mais de 6 meses e não há nenhuma previsão otimista para retomada dentro de um curto espaço de tempo. A construtora Porto Redes de Porto Alegre, que venceu a licitação e que contratou equipes de Santa Maria e de Sananduva para execução do projeto emergencial, recolheu os funcionários e equipamentos no mês de junho e não mais retornou, deixando a obra inacabada. A diretora do IEEMAR, Eliana Lanzana, elaborou um relatório detalhado dos problemas e pretende levar ao conhecimento da nova Coordenadora Regional de Educação e também a Secretaria Estadual em Porto Alegre. Caso não sejam adotadas providências urgentes, o caso poderá ser encaminhado ao Ministério Público.

Problemas identificados
Além da paralisação dos trabalhos com a não conclusão dentro do prazo previsto que era fevereiro do ano passado, a direção do IEEMAR demonstra preocupação com a qualidade da obra. O telhado novo já apresenta infiltrações e a pintura das paredes internas do prédio encontra-se mofadas em razão da umidade. Sem cobertura por um longo período, em razão da troca do telhado, a água infiltrou nas paredes prejudicando a pintura. As aberturas novas de madeira não foram pintadas e o temor é que com a ação do tempo elas já apresentem problemas assim que forem usadas. Outro questionamento feito é com a madeira usada no telhado  que a princípio não seria de boa qualidade. Os tacos de madeira no assolho, colocados em pelo menos uma sala, já estão soltando e também se deteriorando em razão da umidade oriunda da infiltração. Logo após o abandono da obra, professores e alunos fizeram um mutirão para recolher os tacos de madeira que foram deixados no tempo sem nenhuma proteção. Portas novas colocadas já estão caindo e também danificadas por falta de cuidados dos trabalhadores. Uma das portas, fotografadas pelo Portal de Marcelino, está quebrada e não terá mais condições de uso. Outro fato que chama atenção é que na troca do forro a empresa usou madeira e não PVC, contrariando a tendência da maioria das obras.  Caminhando pelos corredores do prédio se pode constatar facilmente os problemas.

A Coordenadoria Regional de Obras Públicas já foi informada da situação. Vistorias técnicas já foram realizadas e os engenheiros informaram que vão encaminhar ofício a Porto Alegre solicitando a rescisão de contrato com a construtora Porto Redes. A tendência é que uma nova licitação seja aberta para conclusão da obra. O trâmite deverá ser lento e em razão da troca de governo não há nenhuma previsão de retomada dos trabalhos em curto prazo. Parte do valor liberado para a obra, segundo informações recebidas pelo Portal, está sendo estornado aos cofres públicos em razão dos atrasos e do abandono.  Uma situação lamentável envolvendo a obra do Governo do Estado em Marcelino Ramos que foi iniciada em caráter emergencial e abandonada com inúmeros problemas. A falta de fiscalização pode ter contribuído para este quadro.

 A equipe de reportagem do Portal de Marcelino não conseguiu localizar nenhum representante da construtora para saber os motivos que os levaram a abandonar a obra. Estamos à disposição para eventuais explicações.