Um marcelinense, sargento do quadro especial do exército brasileiro, foi selecionado entre 2 mil voluntários para compor um grupo seleto de militares escolhidos para mais uma missão de Paz no Haiti. Sargento Sergio Bevilaqua Wosniak, que morou em Marcelino Ramos até 1992, filho de Carlos Wosniak e Ires Machado, faz parte da 2ª Companhia de Engenharia de Combate Mecanizada (2ª Cia E Cmb Mec), localizada na cidade de Alegrete, Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Em entrevista concedida ao Portal de Marcelino ele relatou que a missão para compor o 20º Contingente da Cia de Engenharia de Força de Paz começou no ano de 2013 quando ele se colocou como voluntário para a missão. Ele participou de etapas de instrução no Rio Grande do Sul, estágios em João Pessoa (PB) e exercícios de operações de paz em Natal (RN). Após estas etapas ele foi selecionado entre os mais de 2 mil voluntários para compor o seleto grupo militar da BRAENGCOY(Companhia Brasileira de Engenharia).
A missão se estendeu de maio a dezembro de 2014. Ela foi criada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas com a finalidade de restaurar a ordem no Haiti após a deposição do presidente Jean Bertrand Aristide. Sargento Wosniak desempenhou no Haiti várias funções na área da engenharia militar. De acordo com ele sua rotina de trabalho foi multifuncional em um ambiente multicultural de apoio ao povo haitiano com trabalho técnico, muitas vezes orientando e outras aprendendo. Em muitas situações os militares brasileiros trabalharam em conjunto com militares de outros países num grande mutirão pela paz e reconstituição do país caribenho.
Acompanhe abaixo a entrevista com o Sargento Sergio Bevilaqua Wosniak
Portal de Marcelino: Qual sua trajetória (breve) no exército brasileiro?
Sargento Wosniak: Incorporei no exército como recruta no ano de 1992 na 2 CIA ENG COMB MEC,unidade militar em que sirvo atualmente.
Portal de Marcelino: Qual foi sua função lá?
Sargento Wosniak: Desempenhei varias funções dentro da rotina da companhia a exemplo de todos os militares que participam de missões no exterior principalmente na engenharia militar são multifuncionais.
Portal de Marcelino: Qual era sua rotina?
Sargento Wosniak: Tinha uma rotina de um trabalho multifuncional em um ambiente multicultural aonde apoiávamos o povo haitiano com nosso trabalho técnico, por vezes executando, orientando e muitas vezes aprendendo. Por vezes trabalhávamos em conjunto com militares de outras nações que também fazem parte da missão. O clima tropical a saudade da família e dos amigos era diariamente sentido. Nossos alojamentos eram em containers. Nas horas de folga amenizava a saudade da família usando a internet. Não posso deixar de falar sobre o radiomadorismo que também fez parte das minhas horas de folga, após a liberação da licença pelo governo haitiano pude desfrutar de bons momentos praticando este maravilhoso hobby operando minha estação de radioamador com indicativo HH2/PY3SB fazendo mais de 12.000 contatos com radioamadores em mais de 100 países, a maioria em telegrafia.
Portal de Marcelino: Quantos soldados foram neste grupo?
Sargento Wosniak: 177 militares de varias regiões do país, aqui de Alegrete foram 3 militares.
Portal de Marcelino: Qual a lição que tira deste país, destruído pela força da natureza?
Sargento Wosniak: Finda mais uma missão no país caribenho guardo boas recordações, entre as atividades realizadas e por vezes poder observar no rosto do povo haitiano o sorriso de agradecimento pelo trabalho realizado especialmente pelos militares brasileiros nos faz pensar que estamos no caminho certo. Certo é que trabalhar em um país como o Haiti, aonde aproximadamente 75% da população vive abaixo da linha da pobreza, sem saneamento básico, sem luz, sem água, transito caótico, que passados 4 anos do terremoto ainda é visível as marcas da tragédia posso dizer que
Portal de Marcelino: Como é o povo haitriano?
Sargento Wosniak: Um povo em geral sofrido porem alegre que simpatiza com os brasileiros, percebíamos isso diariamente quando identificarem a bandeira brasileira ostentada em nossos braços esquerdos, o sorriso era imediato e muitas vezes nos chamavam de bombagai que na língua nativa significa sangue bom, gente boa. Isso devido a simpatia pelos soldados brasileiros. Durante a copa do mundo era comum ver os tap taps (que são camionetes, caminhões usados no transporte de passageiros) enfeitados com fitas verdes e amarelas, a divisão era clara torciam pelo Brasil ou para a Argentina poucos se aventuravam a usar as cores da Alemanha.
Portal de Marcelino: Ainda tem ligação com Marcelino?
Sargento Wosniak: Meus pais residem em Marcelino Ramos. Quem vive a infância e adolescência em Marcelino Ramos jamais consegue cortar vínculos,hoje com o advento da internth podemos acompanhar e recordar Marcelino Ramos diariamente. Sempre que posso passo alguns dias em Marcelino Ramos desfrutando das maravilhas naturais e do colo da mamãe. (risos)