Passos lentos, fala mansa, mas felizmente, para as novas gerações, que valorizam a história, preservando uma boa memória. O homem que ilustra a reportagem do Portal de Marcelino é Arcênio Hebert e apesar de ser um anônimo na multidão, até então, está inserido diretamente na história e no desenvolvimento do turismo de Marcelino Ramos. Não por subir em palanques engravatado para discursos prontos ou sair na foto em inaugurações, mas sim por ser um verdadeiro personagem da história que literalmente colocou a “mão na massa”, ou melhor na água.
Arcênio Hebert foi um dos poucos servidores da prefeitura de Marcelino Ramos, ainda com vida, que trabalhou na perfuração do poço de água termal que abastece as Termas de Marcelino Ramos no início da década de 60. No dia em que á agua jorrou pela primeira vez ele, em companhia de Renato Prattes dos Santos (Nato) e o ex-prefeito Davi Gemelli, estava no local, junto também com funcionários da Petrobrás, que tinham por objetivo localizar Petróleo na bacia do Rio Pelotas.Em entrevista concedida ao Portal de Marcelino ele contou que o primeiro jato de água atingiu 60 metros de altura, tamanha era a pressão, vinda da profundidade do Aquífero Guarani. “Não era bem uma água, era algo parecido com uma massa de concreto e depois a prefeitura viu que era água sulfurosa” disse ele. Arcênio Hebert recordou também que na época os primeiros chuveirinhos foram construídos de forma artesanal. “Eu e o Nato (Renato Prattes dos Santos) furados cano por cano para fazer os chuveirinho” O aposentado guarda fotos da época da perfuração do poço e fala com orgulho de ter participado deste projeto.
Arcênio mora atualmente em Concórdia. Em companhia dos filhos, ele esteve em Marcelino Ramos há poucos dias. O relato, a memória dele é algo mais valioso que páginas de livros, pois trata-se de um personagem que fez parte efetivamente da história. No mínimo a Câmara de vereadores, ou o poder público, como forma de reconhecimento, a exemplo do que acontece com muitas outras pessoas, deveria encaminhar algum tipo de moção de aplauso.
História da perfuração do poço e de implantação das Termas
No dia 22 de Julho de 1959 até o início do ano de 1960(09/01/1960), a Petrobrás procurou petróleo na bacia do Rio Pelotas, em Marcelino Ramos. O poço atingiu a profundidade de 2.590m², mas não encontraram Petróleo, porém uma camada chamada Aquífero Guarani(Formação Botucatu), que é a principal reserva subterrânea de água doce da América do Sul, nem sempre sendo potável, mas é pura, situada entre 535 e 682 metros de profundidade e uma espessura de 147 metros, ocorreu à produção da Água Termal Sulfurosa com surgência natural, oportunizando a construção do Balneário de Marcelino Ramos, trazendo para o município trabalho e desenvolvimento.Nos 5 meses e 18 dias que a equipe da Petrobrás permaneceu em Marcelino Ramos, a expectativa foi muito grande de que Petróleo fosse encontrado no Poço MR S1-1 RS. O resultado foi negativo, ou seja, no sub-solo de Marcelino Ramos não havia petróleo. Apesar de encontrarem água termal, eles lacraram o poço e foram embora.Na segunda metade da década de 60, o então prefeito Antônio Floriani Zordan, tendo como Secretário de Turismo o Pe. Délcio Broetto iniciou um trabalho de conscientização da população para o turismo e reivindicou junto a Petrobrás e Governo do Estado a reabertura do poço com fins turísticos e conclui o seu mandato com esses objetivos praticamente encaminhados.Passou-se aproximadamente 10 anos, e no mandato do prefeito David Gemelli iniciou a era do turismo em Marcelino Ramos, vindo o poço a ser reaberto no dia 03 de abril de 1970.Os trabalhos de reabertura foram feitos pela Corsan. O poço original tinha 31,5 cm de diâmetro e 2 tampões, obstruindo a vasão, o primeiro entre 524 e 544m de profundidade. Esses dois tampões foram vasados pela Corsan com uma broca de 5 cm de diâmetro, surgindo água termal numa vasão de 90 m³/h a uma pressão de 800 libras e temperatura de 39º C. A Corsan não colocou nenhum tampão adicional, abaixo da Formação Botucatú.No ano de 1970 ainda, foi construído um pequeno barracão, improvisado, que foi a primeira infraestrutura do Balneário de Águas Termais.Em 1971 ocorreu a primeira tentativa de empreendimento turístico relacionado ao Balneário de Águas Termais, titulado TERMAS PISCINA CLUBE.Este empreendimento não chegou ao objetivo proposto, mas mostrou a visão correta que o prefeito já possuía sobre o Turismo.Entre os anos de 1972 e 1975, o fluxo de turistas aumentou, passou de somente população local á visitantes de todo o Alto Uruguai gaúcho e catarinense. Devido a isso, foram instalados chuveiros externos e internos a área do barracão, a construção da casa das máquinas e sala de hidromassagem, assim, o balneário começou a receber turistas da região que pretendiam acampar, os chamados turistas de barracas.Em 1996/1997, foi construída a 1ª piscina coberta.
Em 1998/1999, iniciou-se a terraplanagem do novo Complexo Termal e aterramento da área do antigo balneário, devido a construção da Usina Hidrelétrica de Ita/SC.Em 1999, ocorreu uma nova perfuração do poço para obter maior vazão de água termal, sendo que a água que abastece o Complexo Termal vem de uma profundidade de 544m a 700m aproximadamente.Em 1999/2000, foi construído o novo Complexo Termal, com recursos da indenização do antigo balneário. O projeto total foi criado pelo corpo de engenheiros e arquitetos da Gerasul, e depois apresentado à comunidade para avaliação;Em dezembro de 2000 foi inaugurado o Complexo Termal de Marcelino Ramos, tendo como vista o Lago da Usina Hidrelétrica de Itá/SC.Em 2002, deu-se o início da construção da piscina semi-olímpica, inaugurada em novembro de 2003.Em 2005, houve a inauguração do toboágua adulto e infantil, juntamente com duas piscinas, neste mesmo ano foi construído um quiosque com mesas e churrasqueiras, e uma cancha de bocha, dentro do complexo termal.Em 2006, houve construção de um barracão com churrasqueira e banheiros no camping;
Em 2007, teve a construção de duas piscinas receptoras de água nos chuveirinhos;Em 2008, houve a construção da Rampa Molhada, junto há uma das piscinas.
(Fonte Site da Termasa)
Arcênio Hebert é irmão de meu falecido pai (Amandio Luckmann) por parte da minha falecida avó, portanto meu “meio” tio.
Uma sugestão para aprimoramento do belo conteúdo histórico.
Por uma questao de justiça e reconhecimento, entendo que poderia ser acrescentado ao texto a informação de que o poço foi perfurado nas terras do meu avô, Walter Finger, o qual transmitiu a propriedade adjacente ao município, praticamente a valor simbólico, permitindo que as águas termais fossem exploradas em prol da sociedade marcelinense até os dias atuais.
Abraços.
Lembro que, para construir os primeiros banheiros e chuveirinhos, foram impressos blocos com entradas para banho e a gente comprou diversos desses blocos cujo valo foi investido no empreendimento.
Sugiro uma reportagem sobre Davi Gemelli, prefeito que desencadeou o processo de abertura das termas e que resultou no que é hoje o complexo termal de Marcelino Ramos.