Mais uma importante página na história de Marcelino Ramos começou ser inscrita na noite desta sexta-feira, 25 de abril. Uma página que renderá um livro com vários capítulos e com muitos desdobramentos numa verdadeira jornada em busca do resgate cultural, histórico e do desenvolvimento do turismo.
Reunidos em audiência pública na Casa da Cultura, um grupo de 50 pessoas aprovou por unanimidade que a prefeitura assuma a responsabilidade pelos imóveis que pertenciam a extinta RFFSA e que atualmente estão sob o domínio da América Latina Logística (ALL). Com o resultado da audiência pública a administração municipal teve respaldo da comunidade para receber a Estação Ferroviária, a Casa do Agente, a Casa de Máquinas e o Girador. Esse passo era aguardado com expectativa pela Associação dos Amigos da Ferrovia, uma ONG que foi criada em 2012 e que tem como presidente Jonas Kerber. A partir de agora a Associação vai intensificar os contatos junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na superintendência em Porto Alegre, solicitando tombamento do patrimônio. A expectativa é que até o final do ano ocorra a cedência do patrimônio ao município que seria o primeiro passo de uma série de ações que estão previstas. Sem esta medida a prefeitura continuará de mãos atadas, apenas testemunhando o fim de um patrimônio que está inserido na história da cidade.
A audiência pública na Casa da Cultura foi aberta pelo prefeito Juliano Zuanazzi (PT) que mostrou-se muito receptivo ao projeto, porém ponderando algumas questões a respeito de aspectos administrativos e financeiros. Com a cedência dos imóveis o município, através de um contrato com validade de 20 anos, vai assumir a responsabilidade pela recuperação e depois pela conservação do referido patrimônio. De acordo com ele a administração dependerá de recursos externos para buscar valores significativos para promover as melhorias necessárias, já que com recursos próprios o projeto se torna inviável.
Já o presidente da Associação dos Amigos da Ferrovia, Jonas Kerber, um dos mentores do movimento, fez uma explanação ampla e detalhada do projeto, explicando o que será feito com cada imóvel e quais as etapas que precisam ser superadas. Confira:
Estação Ferroviária: O local está sendo projetado para se tornar um centro múltiplo uso com sala de administração, espaço para venda de artesanato, sala de eventos e reuniões, cinemateca e biblioteca virtual.
Casa do Agente: A ideia neste local é implantar um museu do ferroviário, sala de exposições entre outros, inclusive com um elevador para dar acesso a cadeirantes.
Casa do Funcionário: Implantação de um atelier para os produtores rurais com realização também de oficinas.
Girador: A intenção é promover a recuperação e usar o local como visitação de turistas.
Entornos do Parque Ferroviário: Implantação de placas informativas, reposição de chaves, passeio para pedestres, ciclovia, iluminação, quiosque, iluminação apropriada, paisagismo, quiosques, mirante, ancorador para barcos, churrasqueiras e local para pesca esportiva.
Todos os itens foram anexados no projeto inicial, com cerca de 120 páginas, que se for aprovado pelo IPHAN seria desenvolvido de forma gradativa e por etapas. De acordo com Jonas Kerber também estuda-se a possibilidade de aquisição de uma réplica da Maria Fumaça (diesel) para fazer o passeio até o Parque Natural, com possibilidade de se estender até Viadutos, Gaurama e Erechim. Uma sondagem inicial apontou que seria necessário pelo menos R$ 1 milhão para compra da máquina e mais R$ 150 mil por vagão.
Fontes de Captação de Recursos
O projeto é complexo, mas a princípio viável. Como fonte de captação de recursos para viabilizar as obras e aquisições, foram citadas as leis de incentivo a cultura (LIC e Ruanet), o Ministério do Turismo e também emendas parlamentares. São várias alternativas, sem a necessidade de utilização de recursos do município.
Gestão:
De acordo com Jonaes Kerber a administração do Parque Ferroviária seria feita de forma compartilhada entre a prefeitura e a Associação dos Amigos da Ferrovia. Neste aspecto ainda não se avançou em detalhes, pois existem outras etapas consideradas como prioridades.
Um projeto audacioso que começa sair do papel e que precisará do envolvimento de toda comunidade e que é considerado uma luz no fim do túnel, como medida mais apropriada para salvar parte da história do município. Vale ressaltar primeiro passo foi dado graças ao empenho e dedicação de um grupo de pessoas que são verdadeiros abnegados pela causa e que encontraram guarida da comunidade e do poder público.
Assista a votação e entrevistas: