A Câmara de Vereadores de Marcelino Ramos concedeu neste mês de dezembro o título de cidadão Marcelinense ao aposentado Rogério Pizzato. A homenagem foi concedida no último dia 11 através de uma indicação do vereador Serginho Beal com aprovação dos demais. Pizzato, como é conhecido, recebeu a outorga pelos relevantes serviços prestados ao Santuário, Comunidade e a Paróquia São João Batista.
A história de Raul Pizzato
Nasceu na localidade de Linha Gramado interior do município de Maximiliano de Almeida – na época Distrito de Lagoa Vermelha/RS – no dia 13-06-1938, com três anos seus pais vieram com a família para residir na Linha Rio Ligeiro – Interior do município de Marcelino Ramos/RS. Estudou dos anos de 1946 à 1950, o primeiro ano na Linha Gramado que atravessava o rio Ligeiro com bote a remo piloto, o segundo ano na Linha Volta Grande (Escola construída pelos seus pais e vizinhos), o terceiro e o quarto ano na Linha Paço do Gaieski Ponte do Ligeiro. Com quinze anos seus pais e família vieram a residir na Linha Santo Antônio – Volta Seca, onde residiu até o ano de 1963, ao longo desses 25 anos residiu com seus pais onde trabalhou sempre na agricultura com a família.
Raul Pizzatto em 18 de maio de 1963 casou-se com Genilda Cantelli, filha de Ludovico Antonio Cantelli e Idalina Vargas. Casados, residiram por três meses na casa de Ludovico, depois mudaram para Caçador-SC, cidade na qual permaneceram por oito meses. Em abril de 1964 retornou a Linha Morro do Ligeiro onde adquiriu uma área de terras e residiu por oito anos, desempenhando as atividades agrícolas. Nesse período o casal foi agraciado por Deus com a chegada das quatro primeiras filhas: Rosane, Rosilei, Rosmari e Ilone.
No ano de 1973, Raul Pizzatto com a família, adquiriu uma chácara na então Linha Secção Represa, hoje Rua José Pizzatto – Marcelino Ramos, e novamente o casal foi abençoado por Deus com a chegada de mais dois filhos: Rogério e Juliana. Juntos passaram por obstáculos, dificuldades e batalhas, mas também momentos de alegrias e vitórias.
Raul Pizzatto juntamente com sua esposa Dona Genilda, cuidavam e criavam seus filhos com amor e esmero, sempre buscaram agregar os serviços para o sustento de toda família. Entre seus serviços na agricultura, Raul Pizzatto sempre buscou novas oportunidades de renda. Por conta disso, conheceu o Sr. Assis Chalella no ano de 1976 e ali iniciou os trabalhos na montagem de uma torre para rádio no sétimo céu ao lado do campo.
No ano de 1977 até início de 1981, Raul Pizzatto, trabalhou no Seminário Salete, juntamente com padres e missionários saletinos, desempenhou as atividades agrícolas, atividades de granja e trabalhos voluntários em prol junto à Igreja, ao seminário e à comunidade. Foram muitos os momentos marcantes, cuidados com o gado e teve até nascimento de terneiros gêmeos, o irmão saletino Orlando Franzon (o Baixinho) também era cuidador do gado junto com Raul, cuidados com o rebanho de ovelhas, cuidados na granja de suínos com três raças, outros animais como coelhos e patos, também granja com nove aviários de galinhas poedeiras, cerca de sessenta mil.
Muitas histórias com o Srs. Verildo Valmorbida (o Trampa), Leonel Ritter, Felix Ritter, João Simionetti, Paulo Fávero (o Paulinho), Padre Luis Basso, Arlindo Confortin, Alberto Hoemberguer (o Birto), Orlando Franzon (o Baixinho), Padre Isidro Perin, Padre Antônio Nichel, Padre Presentino Rovani, Padre Fioravante Recieri Basso, e muitos outros tantos nomes de uma lista enorme de amigos e colegas, que em muitas oportunidades e frequentemente tinham como lazer o jogo de “quatrilho”, em que reuniam-se em suas residências, fazendo e servindo o tradicional “brodo” de galinha caipira, acompanhado de pimenta, vinho e pão.
No ano de 1980 um incêndio de grande proporção destruiu totalmente o galpão da granja do seminário, incluindo o chiqueirão de suínos ali instalado, momento de aflição, desespero e impotência. Raul Pizzatto juntamente com Leonel Ritter entraram em meio ao fogo, chamas e fumaça numa tentativa de retirada dos animais, havia em média 400 suínos, muitos não conseguiram sair e aqueles que foram retirados foi pela coragem e ousadia de Raul Pizzatto e Leonel Ritter, que arriscaram suas vidas sem nenhum equipamento e nenhum tipo de preparo para este tipo de situação.
Anualmente nas romarias Raul Pizzatto, esteve sempre à frente do trabalho voluntário de coletas de donativos por todo o município de Marcelino Ramos. Sempre cuidadoso com “a cozinha do mato”, como era assim conhecida, buscava e escolhia no mato espetos de cutia (laranjeiras do mato) para o churrasco, cerca de três mil espetos que eram colhidos por várias equipes, e tantas outras histórias vivenciadas nessa jornada, contando sempre com sua esposa Dona Genilda e os filhos.
Na paroquia São João Batista, Raul Pizzatto, também sempre esteve à frente nos trabalhos voluntários desde à época das “festas de São João” que já, há vários anos, tornou-se JOAMPEPA. Assim, era responsável por acender o fogo da churrasqueira, bem como por assar o churrasco, juntamente com uma equipe composta pelos Srs. Paulo Alexandre Beal, Paulinho Fávero, Orlando Franzon (Baixinho), Otacílio Richardi (Bigode).
Responsável também pela tradicional rifa de ovelhas e cabritos, que o sorteio era feito através de girar a roleta do cavalinho, jogo do porco da índia, pesca de brindes, tudo com o auxílio do Sr. Dirceu Zanotelli.
Uma época marcada por grandes amizades e momentos únicos, envolvendo todas as famílias, num trabalho e festejos nunca mais vivenciados. Não esquecendo da figura ilustre da Rosa Branca, sempre festiva e alegre.
Tempo em que o Padre Fioravante Ricieri Basso era o pároco e Lauro Vancin presidente da paróquia.
Raul Pizzatto, “batia” os sinos da igreja Matriz, realizava a coleta de ofertas nas missas, e auxiliava os padres em várias atividades religiosas, exercendo todas elas com dedicação e amor.Raul Pizzatto, sempre disposto em prestar seus trabalhos voluntários, servindo bebidas juntamente com Setembrino de Vargas e Ari Loss, no antigo salão paroquial e no salão do Clube Concórdia nos tradicionais bailes de fim de ano.
Em 1981 Raul Pizzatto, ingressou como funcionário público na Prefeitura Municipal de Marcelino Ramos, sendo convidado pelo então prefeito Sr. Atila Schneider Finger.
Iniciou como auxiliar de obras, montando paralelepípedos. Sua alegria, simpatia se misturavam com o suor árduo em seu rosto, sempre trabalhando feliz, nunca deixou o dia passar sem executar as funções propostas por sua chefia. Ao lado de seus colegas, viajavam para a cidade de Machadinho onde buscavam as pedras para fazer o calçamento das ruas da cidade, onde as carregavam uma a uma na caçamba do caminhão. Quando as pedras estavam assentadas e o calçamento tão sonhado pronto, veio a malha do asfalto, cobrindo aquela grande mão de obra então realizada, mas assim com o asfalto também veio progresso para o município. Em Coronel Teixeira o calçamento foi realizado em 1983, Raul Pizzatto também esteve presente neste projeto, nessa época outros trabalhos realizados também no balneário de águas termais.
Raul Pizzatto, voluntariamente em dias e noites, sempre prestativo com a comunidade atingida pelas enchentes dos Rios Uruguai e Pelotas. Nos anos 1980 à 1990, Raul Pizzatto agregou ao time dos voluntariados juntamente com o Sr. Lovaldo Pivotto representando a Emater, em uma plantação gigante de aboboras, plantadas e colhidas ali na propriedade da Sra. Romilda Khüm, foram muitas aboboras colhidas, nessa propriedade teve exposição da produção de mel com os enxames de abelhas, exposição de vacas leiteiras e terneiros, no Seminário Salete também teve essas exposições, Raul Pizzatto ajudou na construção dos estábulos, participou de pionerias escoteiras, desfiles e gincanas, nos grupos de Escoteiros Santos Dumont e Itararé, além de gincanas escolares.
Em 1989 Raul Pizzatto, doou para o município de Marcelino Ramos uma fração de terra de sua chácara para ser aberta uma rua que daria acesso ao campo do greminho, sétimo céu e a casa do menor marcelinense, anos depois no ano de 2000 essa Rua foi denominada com o nome de seu pai Sr. José Pizzatto, através da Lei municipal n. 004/2000 de 13 de março de 2000, de projeto do então vereador Sr. Alfredo Alberto Seffrin.
Raul Pizzatto com sua esposa Dona Genilda, sempre cultivaram e cultivam várias espécies de flores, frutas e legumes, doaram flores para muitas pessoas e as igrejas, dezenas de pés de alface em uma maravilhosa oportunidade quando então da data da inauguração da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, tempo em que o Pastor Pedro Glenzel era o presidente local, além de demais doações para outras festividades comunitárias e vizinhos.
Raul Pizzatto, assobiava pelas ruas da cidade, assim já vinha se apresentando, com o assobio e carisma contagiante de sempre. Crianças gritavam chamando seu nome, e papagaios dos vizinhos o chamavam pelo nome Pizzatto. Já pelos anos 2003/2004 turmas de estudantes que passavam de ônibus na frente da casa do homenageado, vinham todos nas janelas e gritavam o nome Pizzatto, vendo ele ali sentado tomando seu chimarrão na área de sua casa.
Acreditamos que cada pessoa tem o seu perfil, talento e coragem, cada qual no seu tempo é transformada. Com este pensamento, vinha algo desafiador para o Raul Pizzatto, ou seja, trabalhar no Cemitério, não pelo fato de estar em constante exposição no sol ou por um período de horas ou dias exaustivos, mesmo porque já era acostumado, e graças à Deus sempre teve e tem ótima saúde e disposição, mas pelo fato de ser um local onde requeria força divina e espiritualidade em lidar com situações, com pessoas, com a dor, com a saudade e principalmente com a esperança.
Raul Pizzatto, inicia então seus trabalhos ali no cemitério municipal e sem sombras de dúvidas teve o melhor desempenho, o melhor resultado em cuidar, zelar, organizar e exerceu também algo extraordinário, o abraço e uma conversa amiga com muitos marcelinenses e outras pessoas que ali frequentavam ou estavam ali em um momento maior de dor. Deus o usou para transmitir uma mensagem de esperança nos momentos mais difíceis da ausência, da partida de um ente querido. Exerceu esse trabalho por longos e aproximados 14 anos, seus serviços são comentados até os dias de hoje.
Em 07 de Setembro de 2005, Raul Pizzatto e sua Esposa Genilda vieram residir em Erechim. Momento decisivo e muito importante em suas vidas. Foram motivados pelos filhos que já residiam na cidade, com o intuito de ficarem mais próximos, possibilitando maior cuidado e zelo entre todos e também para construir uma nova história.
Assim, em Erechim, começaram a fazer novos amigos, conheceram a vizinhança e buscaram novas formas e maneiras de conduzir o dia a dia, sempre mantendo a mesma alegria, amor e a gratidão em seus corações por tudo que tinham vivido, por tudo que estavam vivendo e por todos ao seu redor.
Muitas coisas mudaram, mas temos que admitir aqui que as colheitas do Seu Raul permanecem até hoje, feijão, amendoim, milho, batata doce, cebola, pipoca e entre tantas outras especiarias que ele cultiva com muito prazer e cuidado. Todos ficam admirados com tamanha vontade, força, sabedoria, alegria contagiante que faz suas atividades. Sempre sorrindo e encantando a todos em sua volta. Um cuidado mais que especial, que não poderíamos deixar de falar aqui, é que em meio a tantos cultivos, seu Raul sempre ajuda sua esposa Genilda com suas amadas flores! É um casal de ouro! E isso tudo está muito bem registrado nas memórias e em nossos corações.
Dentre tantos talentos que Raul Pizzatto possuí, temos que destacar também um deles que iniciou em Marcelino Ramos, muito procurado por esse trabalho, e que continuou em Erechim, que é o de empalhar cadeiras. Desde a colheita da palha, toda a preparação da mesma, até o manuseio e montagem no assento. Palha por palha é trançada e unida para um resultado incrível. Um verdadeiro artesão.
O casal participa de bailinhos e encontros da terceira idade, encontros com a família e parentes, onde o jogo de baralho continua sendo uma referência na personalidade do Seu Raul e mostra a parceira de todos.
Entre os anos de 2008 e 2015 viajou muito com seu filho Rogério inúmeras vezes nas entregas de embalagens plásticas, ferro, areia e grama nos estados do RS, SC, PR, SP. Muitas dessas viagens foram agraciados com a doce companhia de sua esposa e mãe Genilda, que com todo seu amor sempre preparava um delicioso café e aperitivos para acompanhá-los nas viagens. Nessas viagens, seu Raul conheceu muitas pessoas, fez novas amizades por onde passava. Em uma dessas viagens, visitaram o irmão Luís do Seminário em Curitiba.
Nos dias atuais, não é diferente, por onde passa é conhecido, conversa com todo mundo e não deixa de fazer aquilo que lhe traz felicidade.
Em 03 de Maio de 2020, Raul Pizzatto com sua esposa Dona Genilda e toda a família, doaram um terreno para a Igreja Evangélica Quadrangular de Marcelino Ramos aqui na cidade, momento realizado com os familiares e os Pastores Gelson Eliseu Stümmer de Erechim, e Ademar Antônio Pereira Duarte Pastor local de Marcelino Ramos, “A obra do Senhor Deus não pode parar”!
Sempre ao lado da família, buscando pelo melhor de todos, com muito amor, simplicidade e alegria (uma marca incomparável do homenageado), Raul é um exemplo para Todos Nós! Está sempre disposto a ajudar no que for possível, não mede esforços para ver o outro feliz. Raul Pizzatto, com muita alegria e sentimento de total gratidão ao Senhor Deus, sua esposa Dona Genilda, filhas, filho, genros, nora, netos e netas e demais familiares, e também as autoridades e os amigos aqui presentes, estão para homenageá-lo como Cidadão Marcelinense.
Um título de valor merecido, conquistado pela sua força, seu modo de ser e de viver, tudo isso tendo ao lado a força e a companhia de todas as horas de sua amada esposa Dona Genilda. Agradecemos a Deus pela sua Vida, por tudo que fez e faz por nós, pela linda história que construiu no município de Marcelino Ramos, ao qual recebe hoje, a homenagem como Cidadão Marcelinense, uma homenagem muita mais que merecida, e que continua escrevendo nos dias atuais na cidade de Erechim, seu atual domicílio. Sabemos que tudo isso é possível, pois tem um Deus que o sustentou e capacitou para isso.
A família PIZZATTO agradece à Câmara de Vereadores de Marcelino Ramos, na pessoa do Vereador Sergio Beal patrono do encaminhamento dessa Homenagem, e a sociedade marcelinense, pois muito admirável oportunidade que é e será sempre carinhosamente lembrada por todos nós.