Os “filhos” de Marcelino Ramos estão espalhados por todos os lugares do Brasil e até mesmo do mundo. São pessoas que nasceram em nossa cidade e que por motivos diversos, a maioria deles profissionais, migraram para outros locais. Marcelinenses que mesmo distantes não esquecem suas origens e todos os anos fazem questão de retornar a nossa cidade para visitar parentes ou amigos.
Na série de reportagens que o Portal de Marcelino está desenvolvendo, com o objetivo de localizar estas pessoas, decolamos para uma viagem virtual muito especial, desta vez com destino a Itália, especificamente a capital Roma. Na cidade, que tem uma importância histórica milenar sendo um dos símbolos da civilização europeia, reside um marcelinense. Trata-se do Padre Adilson Schio, 50 anos, filho de Afonso (falecido) e Leonora Schio. O padre, que todos os anos vem a Marcelino Ramos, atendeu gentilmente por e-mail a equipe de reportagem do Portal de Marcelino para relatar algumas páginas de sua história. Uma história de dedicação a Igreja Católica que iniciou em 1981 quando ele deixou a família para iniciar os estudos em Filosofia em Curitiba (PR) junto ao Seminário dos Missionários Salettinos. Padre Adilson foi ordenado em 1989 e este ano está completando 25 anos de sacerdócio.
No Brasil, morando em São Paulo, ele ocupou o cargo máximo da congregação por 9 anos. Ele deixou a coordenação na capital paulista em 2012 após ser eleito vice-Superior Geral dos Missionários Saletinos no Mundo. Junto com o Conselho Geral em Roma, que é formado por mais quatro Padres de diferentes nacionalidades, o padre marcelinense coordena as atividades de mais de mil Missionários em 29 países, dominando fluentemente o Italiano, Francês e o Inglês. Na entrevista ao Portal (abaixo) Padre Adilson diz que está a disposição da Igreja, mas que sonha em voltar ao Brasil a partir de 2018 quando termina seu mandato.
Leia na íntegra a entrevista com o padre marcelinense que ocupa uma importante e almejada função em Roma.
Portal: Padre atualmente onde o senhor está residindo?
Padre: Atualmente na Casa Geral dos Missionários Saletinos na cidade de Roma-Itália
Portal: – Com que frequência o senhor vem a Marcelino visitar seus parentes e amigos?
Padre: Sempre que posso venho a Marcelino pois tenho aí minha família e foi onde vivi grande parte de minha vida. Em Marcelino Ramos descobri o caminho da vocação sacerdotal a partir da participação da minha família na Igreja e no Santuário. Como moro em Roma, e lá estarei até 2018, venho uma vez por ano, nas minhas férias, geralmente no mês de janeiro.
Portal: Em que ano o senhor ingressou na Igreja e qual foi sua primeira função?
Padre: Eu saí de Marcelino Ramos no ano de 1981 para fazer o curso de Filosofia em Curitiba-PR no seminário dos Missionários Saletinos. Foi assim que começou meu caminho de estudo e preparação para o sacerdócio. Me ordenei padre em Marcelino Ramos no dia 02 de dezembro de 1989, portanto neste ano farei 25 anos de padre. Meu primeiro trabalho como padre foi junto ao Santuário de Marcelino Ramos no acompanhamento aos seminaristas que ali ingressavam e com os zeladores da Revista. Depois de 3 anos neste trabalho fui para São Paulo onde trabalhei 5 anos como formador das etapas finais daqueles que estavam estudando para serem Missionários Saletinos.
Portal: Qual sua função atualmente na Igreja?
Padre: Depois de 9 anos na coordenação dos Missionários Saletinos no Brasil, como Coordenador Provincial, fui eleito como vice-Superior Geral dos Missionários Saletinos no mundo. Esta é minha função atualmente e por isso mesmo resido em Roma. Portanto sou vice superior geral dos Saletinos.
Portal: O senhor pode relatar um pouco a sua rotina de trabalho em Roma?
Padre: O Conselho Geral, que é órgão que faço parte, coordena as atividades dos Missionários Saletinos nos 29 países onde estamos presentes. Somos em 5 padres membros desta coordenação geral, um de cada nacionalidade: eu de brasileiro, um italiano, um polonês, um dos Estados Unidos e um das Filipinas. Nossa atividade é administrativa naquilo que diz respeito da representação da nossa Congregação Religiosa junto ao Santa Sé-Vaticano. Mas a principal atividade é animar a vida missionária dos quase 1.000 missionários que compõe a Congregação dos Missionários Saletinos. Também nos ocupamos de preparar as condições e os estudos para a abertura de novas missões em novos países. Neste ano estaremos estudando as possibilidades de abrir duas novas missões: uma na Argélia e outra na Tanzânia, dois países do continente africano.
Portal:- Como é viver em Roma, longe milhares de km de Marcelino?
Padre: Nossa vida em Roma é sempre de muitas atividades. Temos uma série de reuniões e encontros internacionais da Congregação que ocupa muito do nosso tempo, sem falar que temos que falar italiano, francês e inglês para poder nos comunicar com todas as culturas e realidades onde estamos presentes. Viver nesta rotina intensa faz com que dediquemos muito do nosso tempo para o trabalho e para viagens. Mas aproveito também para estudar, ler e conhecer toda a cultura histórica que a cidade de Roma permite. Gosto de viver em Roma e ali será o meu ministério sacerdotal até 2018. Claro que a saudade do Brasil, de Marcelino Ramos e da família sempre aperta no coração. Sou feliz porque hoje temos uma série de meios de comunicação que permite a comunicação a qualquer momento. Sempre fico atento às notícias sobre Marcelino Ramos e sempre que posso falo com minha família.
Portal: O senhor almeja/ou aguarda alguma nomeação dentro da Congregação?
Padre: Como disse fui eleito como vice superior geral por uma mandato de 6 anos que terminará em 2018. Como o Papa Francisco vem dizendo com muita propriedade, os cargos na igreja são sempre na dimensão do serviço e da atuação missionária. Fiquei padre para anunciar o evangelho de Jesus Cristo e como Missionário Saletino tenho que estar aberto a fazer esta evangelização em qualquer parte do mundo. Meu desejo é que em 2018 eu volte para o Brasil e venha a atuar em alguma obra dos Saletinos aqui no Brasil, mas como disse nós estamos presentes em 29 países. Deus sabe onde ele me quer e estarei sempre aberto a assumir minha missão onde quer que seja.
Portal: – Como o sr. vê o trabalho dos Salettinos em Marcelino?
Padre: Nossa presença em Marcelino Ramos tem um grande significado pois foi a partir desta missão que os Saletinos cresceram no Brasil. Desde 1928, ano que veio o primeiro Saletino para Marcelino Ramos, muitos anos se passaram e além da nossa presença na Paróquia, o Santuário com as Romarias e a Revista Salette levam o nome desta cidade e dos Missionários a muitos cantos do nosso país e do exterior. A Romaria da Salette de Marcelino Ramos é a maior de toda a Congregação em participação. Em nenhuma outra parte do mundo reúnem-se num só dia tantas pessoas devotas de Nossa Senhora da Salette. Isso faz de nossa presença em Marcelino Ramos um patrimônio de toda a Congregação. No ano que passou (2013) tive a oportunidade de apresentar a todo o nosso Conselho Geral em Roma as notícias da Romaria e para isso me servi da excelente cobertura feita pelo Portal de Marcelino Ramos.
Portal: A Romaria, qual sua opinião sobre ela? Alguma sugestão?
Padre: Como disse é o maior evento da Congregação. Em 2016 estaremos comemorando os 170 anos da Aparição de Nossa Senhora na Montanha da Salette-França. Já fizemos um convite ao Papa Francisco para ir ao nosso Santuário lá na França. Se ele for tenho certeza que será uma bênção para todos os nossos Santuários e Romarias. A Romaria de Marcelino Ramos é sempre um momento de muita fé e devoção. Muita gente se reencontra na fé e na esperança nesta Romaria. É só ouvir os padres que atendem confissões e eles poderão testemunhar esta particularidade da Romaria de Marcelino Ramos. Acho que devemos sempre e cada vez mais atender bem os romeiros que vem a este local, seja no tempo da Romaria, seja durante todo o ano. A acolhida é fundamental para a pessoa viver na Igreja.
Portal: Para finalizar a entrevista, eu gostaria que o senhor descrevesse de forma suscinta sua trajetória na Igreja.
Padre: Para ser padre fiz duas faculdades: filosofia e teologia. Depois dos meus 10 anos de estudos após o segundo grau, me ordenei padre pelas mãos do já falecido D. João Hoffman, Bispo de Erechim. Como padre, nestes 25 anos, já trabalhei no acompanhamento dos seminaristas em estudo para serem padres, trabalhei em comunidades católicas na cidade de São Paulo e Curitiba, fui ecônomo provincial da Província Saletina no Brasil. Fui 9 anos o coordenador provincial no Brasil e agora estou no Conselho Geral. Durante muitos anos trabalhei também com jovens dando cursos, assessorando encontros e representando a pastoral da juventude junto a Conferência dos Bispos do Brasil. Antes de ir para Roma tive a oportunidade de desenvolver um grande trabalho com casais em Curitiba-PR. Posso dizer que sou muito feliz com tudo que Deus me concedeu fazer e nos meus 25 anos de padre só tenho a agradecer pois me coloquei na mão de Deus e ele me conduziu por “verdes caminhos” como diz o Salmo 22. Aprendi muito com o povo com quem convivi e o povo sempre me ajudou a ser cada vez mais padre, isto é, aquele que cuida com amor. Para mim e para minha caminhada tenho o altar de cada igreja que conheço como um espaço onde Deus me faz mais forte e mais feliz na escolha vocacional que fiz. Gosto muito de ver altares de igreja pois isso me lembra o meu trabalho como padre: oferecer tudo e todos aos cuidados de Deus.
Meu querido amigo Padre Adilson
Estamos tristes em saber que nossa querida tia Leonora nos deixa mas nos conformamos com sua presença junto aos padres Saletinos, aceite nossos sentimentos Qquerido Padre Adilson