Do ponto de vista de pessoas insensíveis, que circulam pela cidade não observando o que elas consideram pequenos detalhes, o fato que vamos relatar a seguir seria considerado inexpressivo e nem merecia ser transformado em notícia. Mas para outra parcela significativa da população marcelinense, o fato revela um ato no mínimo lamentável do ser humano que surpreende com suas “pequenas” atitudes, sendo muitas delas impensadas.
É fato que um dos arquitetos que impressiona pela sua habilidade e poder de construção é o João-de-barro, uma ave típica do sul que aprendeu ao longo da vida identificar com muita inteligência a direção do vento. Na época de reprodução, o pássaro constrói seu ninho na direção contrária ao vento para que a fêmea e os filhotes fiquem protegidos da chuva e das ventanias. Para fazer sua casa ele utiliza barro úmido, palha e esterco seco, chegando a realizar de 500 a 2.000 viagens, para carregar o material necessário.
Sua casa tem dois cômodos: a câmara incubadora e a antecâmara, parecida com um forno. Ele utiliza postes e luminárias para construir seu ninho e em alguns estados, como em SC, as empresas de energia já estão adotando um dispositivo para proteger o ninho e a rede de distribuição, em razão da importância da ave. Encontrar um ninho de João-de-barro é muito comum. Basta circular pela cidade e observar os postes.
Mas esta semana aconteceu um fato lamentável em Marcelino Ramos. Um ninho de João-de-barro, que estava num poste, próximo ao Correio, foi destruído pela ação humana, talvez por uma questão de ordem técnica. Através de fotos postadas no facebook o marcelinense Maycon Trentini, revelou indignação com o fato. “os bichinhos contentes com o ninho que levaram exatos 2 meses para conseguir restaurar aí vem alguém e destrói”. Talvez tenha sido um ato impensado ou de ordem técnica/necessária. O motivo não se sabe, mas acabou repercutindo na comunidade.
O Passarinho trabalhador e inteligente, que aparece na foto desolado e tentando entender o que aconteceu, vai ter que retomar todo trabalho para se preparar para a chegada do inverno. O trabalho, que provavelmente não será concluído até a nova estação, será iniciado numa época apropriada, já que a Páscoa simboliza renascimento, ressureição, passagem e reflexão. A matéria não tem por objetivo apontar dedos ou buscar culpados. Apenas contribuir para a criação de uma consciência ecológica maior. O ser humano pode e deve viver em harmonia com a natureza.